quarta-feira, 29 de julho de 2015

Aqueles textos sobre mulher...

Tem um bando de textos por aí tentando falar de como as mulheres são maravilhosas, mas acabam retratando um estereótipo machista e ultrapassado...

Um texto intitulado: 'Defeito de mulher' é um exemplo disso.


Eu não consigo enumerar a quantidade de referências sexistas contidas naquele texto.

Sei que com certeza foi escrito e é compartilhado na maior das boas intenções, mas tem cada comentário absurdo que me incomoda demais.

Homens e mulheres são diferentes sim. 

Como tudo na natureza é dualidade, a dualidade humana está no feminino e masculino, mas como no yng-yang, essa dualidade se mistura e nenhuma parte é melhor ou pior. São complementares.

No texto, o autor diz que a mulher 'funciona sob uma dieta rígida, tem colo para sei lá quantas crianças, se cura sozinha e trabalha 18 horas por dia'.


O que é isso? Uma escrava reprodutora?


Dieta todo ser humano deveria ter. Para manutenção da saúde e coisa e tal. Essa história de uma penca de crianças já era. Das mulheres que tem filhos hoje, nenhuma em sã consciência deseja ter um bando de crianças e muitas preferem optar por não ter filhos, ou optam pela adoção... 

Se curar sozinha? Os homens de hoje são colaborativos e dispensam cuidados sim às suas companheiras - ou pelo menos deveriam. Mulheres são muito conscientes da própria saúde e se cuidam fazendo seus exames periódicos. Somos criaturas responsáveis. E se há mulheres que trabalham 18 horas por dia devido à dupla ou tripla função, espero que elas sejam solteiras, pois se um companheiro não for capaz de ajudar a própria mulher no dia-a-dia, por favor...

Depois, mais uma sessão: 'as lágrimas que expressam as penas, o desencanto, a solidão, o sofrimento e o orgulho ferido'.


Como se mulher não tivesse atitude para lidar com a vida, não é? Como se não buscássemos nossos direitos, como se não fôssemos capazes de nada. Só sentar num cantinho e chorar comendo chocolate e sorvete. 


Mulher chora? Sim, mas corre atrás, busca justiça, dá até soco se precisar. Não queira provocar uma mulher. Temos sangue correndo nas veias...


Durante o texto ele (porque com certeza quem escreveu foi um homem) continua falando de estereótipos como: meiga, resignada, sorridente... E emenda numa sequência:


    " Sorriem quando querem gritar.
     Cantam quando desejam chorar.
     Choram quando felizes e riem quando nervosas."


E depois gastam com muita terapia, não é? Porque esse monte de repressão sentimental vai dar problema com certeza. Mulher faz o que tem vontade: grita, xinga, chora, briga. E se em algum momento controla algum sentimento é sempre por algum motivo maior.


O nonsense continua e o texto encerra com a seguinte frase:  

     "Pena que ela se esquece do quanto vale..."

Me desculpe, mas se o que foi descrito nesse texto é valor, essas pessoas que escreveram isso podem fazer o favor de me desvalorizar.


Vou continuar sendo independente, casada por amor e por escolha e nunca por obrigação e faço questão de sempre batalhar pelo que acho justo sem ficar calada.

Tenho meu emprego e os afazeres de casa cumpro junto com meu marido, uso furadeira, entendo muito de obra, amo estudar e me entupir de cultura, bebo, falo palavrão, jogo video game, ando emburrada na rua (nada disso de sorridente idiota) e não pretendo ter filhos. Não sou melhor nem pior que qualquer mulher porque sou indivíduo. O meu valor - e o valor de cada mulher -  está em ser autêntica, sem estereótipos e sem ficar à sombra de ninguém.

Porque acima do sexo sob o qual cada um nasceu, somos todos humanos. Viemos do mesmo lugar e voltaremos para o mesmo lugar.


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Chega de ser uma parte do mar

Dando voltas e andando em círculos. 
Presa num labirinto que sempre me traz ao mesmo lugar.
Quem sou eu, e será que eu estou onde deveria estar?
Todo sonho que persigo acaba mudando na primeira esquina que viro.
Se sou imatura ou se corro perigo tentando agradar a alguém eu não sei.

Sou cilada na minha própria vida. Emboscada drenando meus próprios sonhos.
Um dia sou grande, no outro nem tenho tamanho.
Sou vilã da minha própria sorte. Perdida, julgo saber o que quero e desejo.
A única certeza da vida é a morte, que ao menos eu chegue até lá sem medo.

Cansei de ser água, aprisionada. Mudando de forma no lugar onde estou.
Cansei de ser água, perdida num mar. Ninguém sabe quem sou.

Derramar!
Vou evaporar, sentir a leveza do ar, o mais alto alcançar
Me juntar a outro elemento e em explosivo me transformar
Chega de ser uma parte do mar
Não quero ser uma parte do mar


Fernanda S.G. Lopes





quarta-feira, 22 de julho de 2015

Racionalizando a emoção

Quando fico triste, deixo a tristeza estar
Vou escorrendo pelas ruas feito chuva, mas sem molhar.

Depois então de transbordar, fico a volatilizar
Vou ascendendo e elevando feito ar, mas sem evaporar.




Quando fico alegre, deixo a alegria estar
Vou soprando pelas montanhas feito vento, mas sem bagunçar.

Depois então de me espalhar, fico a contemplar
Vou envolvendo e abraçando feito o Sol, mas sem queimar.



Sou ser completo, escolho em paz ficar
Meditativo, espero unificar
Com a natureza quero consubstanciar
Evoluir, evolucionar.







quarta-feira, 8 de julho de 2015

Poeira estelar



Acho poético pensar que somos poeira de estrelas.
É mais bonito fazer parte de algo brilhante e meio mágico do que ser criatura de carne: simples e finita.

Prefiro pensar na continuidade e no movimento constante de cada partícula.
Gosto de pensar no Grande Espírito como um Cientista Imaterial capaz de criar infinitas combinações e elementos diferentes em um instante. Um Alquimista em nível inalcançável que reúne em sua presença todo o conhecimento disponível e inimaginável. Além disso, Ele se mistura e envolve toda a criação como agente regulador de tudo e ainda assim deixando espaço para que cada parte decida, viva e experimente. Perfeito!

Me delicio ao constatar que pensamento é energia e energia é matéria.
Isso me deixa forte, confiante.
Porque se tudo fosse tão fugaz e tão frágil que graça teria em passar por aqui?
Qualquer obra que possamos deixar nesse pontinho azul no meio do infinito (Terra), por mais grandiosa que seja é nada comparada à ideia da imortalidade e da mudança constante.

A vontade e a insistência em evoluir é o que torna todas as coisas e seres igualmente importantes e interligados.
A coexistência nos faz iguais e especiais ao mesmo tempo, pois coexistir não é possível se faltar uma parte por menor que ela seja e não há sentido na coexistência se todos os elementos possuírem a mesma representatividade.

É com esse pensamento que ofereço esse texto: sem grandes pretensões, mas com o coração transbordando da química chamada amor.

Fernanda S. G. Lopes